Quando era criança minha avó e eu saiamos muito. Ela sempre
gostou de andar por São Paulo pra fazer compras e por fim sempre acabava me
levando junto. Uma dessas vezes que estávamos conversando sobre algo, lembro que por um momento eu comecei a andar
de costa para as pessoas e de frente pra ela. Logo ela me chamou a atenção e
disse :
- Para de andar de costa menino, assim você esta
desrespeitando sua mãe ( falecida).
Na hora não entendi bem o porque da chamada, mas anos depois
aprendi que andar de costas significava para os mais velhos “morte para mãe”, e
com aquele ato para a minha avó estava desrespeitando o a condição de minha
mãe.
Isto ficou marcado em mim não a explicação do ato mas a
questão de andar de costa ser algo desrespeitoso.
Faz um bom tempo que me assumi como homossexual e um dos
momentos marcantes foi que quando me assumi para minha avó tivemos uma boa
conversa e ela me explicou muito sobre o que ela conhecia sobre este mundo que
para mim naquela época seria totalmente novo. Fico grato por ter tido aquela
conversa pois graças a ela pude me esquivar de muitos momentos desastrosos.
Imagino que esta conversa deve esta meio confusa pra você,
relaxa não é um momento confessionário .
Vivendo no mundo homossexual pude ver com clareza como
estamos retrógados, claro que isto não se limita apenas ao mundo homossexual, mas este “caminhar pra trás” fica muito mais
claro entre nós gays. Dizem que esta pratica de relações afetivas de pessoas do
mesmo sexo é algo que existe desde anos antes de Cristo. Porem se estudarmos
bem veremos que todas as nações que praticavam esta relação deixaram algo
grandioso pra seus descendentes, um marco que até hoje nos faz respeita-los.
Hoje lutamos por um espaço mais respeitoso em nossa era, em
nossa época, mas a luta esta mais entre nós do que contra a sociedade. Buscamos
ver o respeito nos olhos das pessoas que nos olham mas não encontramos o nosso próprio
respeito. Vejo uma enorme confusão de respeito com egocentrismo , uma confusão
generalizada de liberdade com libertinagem.
Acredito na afeção e na demonstração de carinho em publico,
acredito que devemos ter direito de casamento e de termos filhos, acredito que temos direito a construir algo e caso
algo aconteça a um dos dois o outro tenha segurança de que tem direito sobre o
que construíram juntos. Acredito nos benefícios que uma vida legalizada com um
companheiro do mesmo sexo traria. Porem somos a o velha negra da sociedade e se
quisermos ter estas conquistas precisamos
andar a segunda milha, precisamos exigir
mais respeito do que os outros ganham e só ganharemos isto quando dermos
melhores exemplos, quando transformamos o preconceito em admiração, quando
mostrarmos que nossas ações nos faz melhor do que somos jugados.
Não confundam não quero que pensem que somos melhores mas sim
que somos iguais. Mas a visão de um menino andando de costas é muito nítida pra
mim, estamos gritando por respeito mas
estamos andando de costa desrespeitando nossas origem, desrespeitando nossas criações, falando de prosseguir
e exigindo ao mundo que ande pra frente
enquanto andamos pra trás.
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